quinta-feira, 24 de maio de 2012
Jogo
- Morre, morre, morre, morreeeee!!!!! AH VADIA!!!!
- Você não achou que isso iria me deter, achou?
Mesmo sem ver seu rosto eu podia imaginar as caretas que ele estava
fazendo. Sobrancelhas franzidas e lábios rijos.
- Como você ficou tão boa de repente?
- Tudo é questão de motivação.
- Ah é? E qual foi a sua? Ver meu corpo dilacerado?
- Claro que não! Sangue, querido, eu quero ver seu sangue. Poças dele.
Então dei a minha melhor risada maléfica. Porém, baixei minha guarda. E
paguei muito caro por isso.
O desgraçado enfiou uma lança em mim. E tive que aguentar seu deboche.
- De quem é o sangue agora?
- Não conte com os ovos na barriga da galinha, amor.
Meus olhos e minhas mãos já estão doendo. Hora de acabar com isso.
Descruzo as pernas e fico de joelhos.
- Ei, você está minha frente, isso é roubo.
- ESPECIAL!!!!!
De repente, antes que eu pudesse terminar a combinação de botões ele me
agarra por trás e nós dois caímos deitados no tapete.
- NÃÃÃÃÃÃÃÃÃOOOOO!!!!!!!
Eu me debato e esperneio até que ele me solta e então começo minha
sucessão de socos e chutes enquanto ele ri e tenta se proteger.
- Seu tosco, idiota! Eu ia conseguir!!! Eu ia te matar!!!
- Ninguém mandou você entrar na minha frente!
Então eu faço beicinho e ambos olhamos para a televisão, para ver dois
personagens ainda em posição de luta, mas quase sem vida.
Como num estalo, nós dois nos esticamos para agarrar o próprio controle e
nos empurramos, rolamos e lutamos apertando botões aleatórios, sem nem
ver. Até que vejo um “YOU WIN” na tela. E que estava atrás das palavras
era... EU!!!
- AHHHH!! Eu te matei!!! Ganhei!!!
Ele continuou em silêncio.
Então percebi o por que. Estava eu deitada em cima dele. Nossos rostos
estavam muito, muito perto. Ele sequer podia se mover. Não tinha reparado pois estava focada na televisão.
Por um momento ficamos estáticos.
De repente a música tema do jogo começou a tocar e toda a tensão do momento passou. Em seguida, sem mais nem menos sofremos um intenso ataque de riso mútuo.
Como fomos acabar daquele jeito?
Quando tudo passou, eu encostei minha cabeça em seu peito e ficamos
desse jeito por muito tempo.
Até que eu me senti constrangida e me sentei depressa, talvez depressa
demais.
Ele se sentou e começou a bagunçar o cabelo. Então, com um sorriso torto,
disse:
- Quer jogar de novo?
- Quero! – sorri e ergui os braços, hesitei por um instante, mas o que eu tinha
perder? Juntei os punhos perto do peito. – Preparado?
Ele me olhou espantado.
- O que está fazendo?
-FIGHT!
E o abracei o mais forte que eu pude.
Durante alguns segundos, que pareceram um milênio ele ficou totalmente paralisado. Eu já estava pronta para realmente dar um golpe de luta nele, na esperança de amenizar os estragos quando inesperadamente, ele me abraçou de volta e sussurrou no meu ouvido:
- Acho que fui completamente derrotado. Vamos jogar uma aventura agora?
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Nenhum comentário:
Postar um comentário