Veja bem, eu não pedi pra ele me dar aulas particulares de matemática. Porque eu sabia
que isso iria acontecer. Mas ele percebeu que minhas notas estavam horríveis e como
um bom vizinho/colega de sala se ofereceu pra me ajudar. Tudo seria perfeito se ele não
fosse o motivo de eu não prestar atenção na aula. Por isso aqui estou eu pensando em
como o cabelo dele fica perfeito despenteado e como ele está perto demais e como eu
vou respirar desse jeito.
- Entendeu Luana?
Olho para o que ele escreveu e aquilo parece grego pra mim.
- Ah, acho que sim. – Mentira! Não entendi bulhufas daquilo.
- Ok, então resolve esse exercício aqui. – e ele apontou pra um dos exercícios do livro.
Então faço o maior esforço do mundo pra tentar entender a questão, mas como faço isso
se eu sinto que ele está me encarando????
Esfrego o meu cabelo e mordo o lápis (tão graciosa...) e ele solta um risinho baixinho.
Me sinto corar. Mas não vou deixar ele tirar sarro de mim!
- O-o que foi? Eu só preciso pensar um pouco mais! Não precisa ficar rindo da minha
burrice!
- Desculpe, eu não estava rindo disso. Eu ri porque você tem o mesmo hábito que eu,
de morder o lápis...
- Ah ta, desculpe. – ai que mancada! Mas ei, nós temos algo em comum!
- Vamos, vou te ajudar a entender. – então ele se levantou da cadeira e se apoio no
encosto da minha. – Muito bem, aqui por exemplo você usa a fórmula... – O rosto dele
ta muito perto do meu!!!!!!!
Levanto bruscamente e bato minha cabeça no queixo dele.
- Ai, desculpe! Eu... Preciso ir ao banheiro. – E depois disso sai correndo.
Ok, Luana, se você se mostrar uma total retardada ele vai desistir de você e não vai te
dar aulas e depois, EU PRECISO MESMO PASSAR DE ANO!
Beleza, quando sair desse banheiro vai se comportar feito gente! Controle-se garota!
Depois disso, as coisas ficaram mais calmas, eu tentei manter uma distância saudável
dele e me focar na voz dele, assim entenderia a matéria. E ele explicou tudo de novo pra
que eu pudesse entender direito. Me surpreendi ao conseguir fazer os exercícios que ele
pedia e acertar todos.
- Ta vendo? Não é nada difícil! Você já tá craque!- Ele sorriu pra mim e me deu uma
folha com uma questão. – Essa é a última, fui eu que fiz, é bem desafiadora.
Eu comecei a ler a questão e... Não parecia complicada.
Alguns minutos depois eu terminei.
- Breno! Acho que consegui! A resposta é I maior que 3u??? Não espera, coloquei o
sinal errado... I é menor que 3u. É isso né?
- Foi só isso que você achou?
- Claro! Porque o X você corta aqui então fica I em função de U. – e mostrei pra ele.
- Bom, parabéns você acertou! – e deu um sorriso amarelo, então de repente ele
colocou a cabeça na mesa e cruzou os braços em volta dela.
- Breno, você está passando mal? Suas orelhas estão vermelhas...
- Eu já vou indo então! Foi um prazer ajudar você. Espero que se dê bem na sua prova.
– dizia isso enquanto se levantava e arrumava suas coisas.
O que eu fiz? Será que errei a questão? Será que fiz alguma burrice que irritou ele?
Droga! Mas eu tenho certeza deu I menor que 3u! O que eu errei?
Então meu cérebro deu um clique.
I menor que 3u. Peguei a folha e olhei de novo o resultado pra ter certeza. E lá estava:
Será que era isso mesmo??? Será? O Breno....
Enquanto eu pensava ele arrumou suas coisas e eu escutei ele abrindo a porta de entrada
pra sair.
Bom, se não for isso, já foi, pois eu estou saindo correndo de dentro de casa feito uma
louca.
Ele estava atravessando a rua pra chegar em casa e eu fiz única coisa que me veio a
cabeça. Fui correndo e abracei-o por trás.
- Luana?
- Desculpe, desculpe! Eu sou muito tapada! Demorei pra perceber...
- Eu não pensei que ficaria tão sem graça... – ele disse coçando a cabeça. – Mas já que
fui eu que comecei isso preciso saber... Qual é a sua resposta?
Então eu o soltei e fiquei de frente pra ele e disse:
- I é menor que 3u, i é menor que 3u muito muito muito muito!!!!!
Ele sorriu de orelha a orelha pra mim e encostou a cabeça dele na minha.
E quando eu olhei nos olhos dele, eu pude ver que ele estava tão feliz quanto eu, por
isso nós ficamos desse jeito no meio da rua sei lá por quanto tempo e não sei como
nenhum carro nos atropelou.
Agora sim matemática serviu pra alguma coisa.
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