Meu coração está a mil por segundo. A única coisa que consigo escutar é a minha respiração acelerada enquanto eu corro, corro como nunca corri na vida e sinto um gosto salgado na boca, acho que são minhas lágrimas, lágrimas de arrependimento.
Nós tínhamos brigado, por algo que agora parece tão ridículo que quando lembro não consigo deixar de me culpar mais ainda.
Ele tinha prometido pra mim, que iria chegar na hora aquele dia, mas é claro que ele não chegou. E eu, é claro, fiquei com muita raiva, afinal era meu aniversário!Marcamos ás três, e as cinco ele não havia chegado! E nem me ligou ou atendeu as minha ligações! Quando ele chegou eu já estava um pilha, por isso gritei com ele e nem sequer ouvi o que ele tinha a dizer. Comecei a correr e me misturei no meio da multidão.
Me apoio nos joelhos, recupero meu fôlego, e começo a correr de novo, preciso chegar, depressa, depressa, por favor! Por favor, me espere!
Corri por um tempo, e quando olhei para trás, ele não estava me seguindo. É claro que não estaria! Idiota! Me sento em um banco em um dos cantos da praça, sozinha e chorando. Não quero chegar em casa assim, vou andando, assim posso me recuperar.
Enquanto caminho percebo que foi uma boa ideia vir andando, o trânsito está uma droga! Pelo que ouço, parece que ocorreram dois acidentes naquela tarde. O primeiro, por volta das duas e meia, um caminhão tombou e bloqueu toda a pista. O segundo, mais ou menos ás seis, esse foi um atropelamento, e parece que dos bem feios.
Estava tão distraída que quando meu celular toca dou um pulo de tão assustada. Não estou com vontade de falar com ninguém agora, mas quando vejo, é a mãe dele, ela nunca me liga, nunca. Algo está estranho.
Estou na frente do prédio. Um hospital nunca me pareceu tão sombrio, eu entro e olho em volta, procurando um rosto, mas eu não consigo enchergar direito porque estou chorando... Onde está, onde está??
É ela, e pelo que consigo enchegar, ela não está melhor do que eu. Ela me dá um abraço forte, com se precisasse dele tanto quanto eu, não duvido que seja verdade.
Ele está na sala de cirurgia, parece que ele perdeu muito sangue, e bateu a cabeça e o resto eu não consegui mais escutar porque estava com medo do que iria ouvir.
Depois do pereceram horas e horas, ele foi levado para um quarto. O Dr. disse que tudo depende dessa noite, mas é próvavel que... ele não aguente.
Algum tempo depois, uma enfermeira se aproximou de nós, e ela estava com um olhar tão triste, eu me levantei depressa, e ela me olhou com olhos de pena e disse:
- Você é a namorada dele?
- S-Sim, sou eu - minha voz estava tremendo e eu temia começar a chorar de novo.
- Ele disse que precisa falar com você.
Eu olhei para mãe dele, ela tinha chorado tanto quando eu. Ela me deu sorriso franco, e com um aceno de cabeça eu segui a enfermeira.
Quando ele me viu, deu um sorriso, ele parece estar tento que se esforçar tanto para mover os lábios!
- Eu fiquei feliz quando a enfermeira me disse tinha uma garota bonita chorando na cadeira ali fora. Não podia ser a minha mãe...- ele riu mas o riso se misturou com uma tosse e eu cheguei mais perto da dele, mesmo sabendo que seria inútil.
- Não fique falando! Você tem que descansar!
- Desculpe, eu não queria me atrasar, mas o trânsito estava uma droga, então eu resolvi ir correndo e meu celular caiu em algum lugar e eu nem pensei eu ligar de um telefone público na hora eu... - e mais uma vez ele é interrompido por aquela tosse.
- Você é um idiota, eu sei, mas eu devia ter imaginao algo assim... sinto muito, fui estúpida. - quando eu peguei a mão dele, estava tão fria, tão frágil...
- Tá tudo bem agora.- ele disse sorrindo, aquele sorriso que eu tato amo. - Mas você está uma droga hem... é assim que vem ver seu namorado?
- Desculpe.- e depois disso eu comecei a chorar de novo.
- Não, não, você tinha que dizer: "olha só quem fala". E depois me dar um soco! Punição! - dito isso ele me deu um peteleco na testa e sorriu.
- Desculpe, desculpe, eu sinto muito , eu fui idiota, desculpe descupe, por favor me perdoa - e a cada palavra eu chorava mais, e apertava mais a mão dele.
Ele, sempre respondia "hm" de me abraçava. E nós ficamos assim por longos minutos, e conversamos sobre coisas bobas durante horas até que dormimos.
Aordei quando os barulhos dos aparelhos se tornaram irregulares e eu me levantei assustada, ele estava respirando com dificuldade. Eu me virei para chamar a enfermeira mas ele segurou meu braço, tão fraco que poderia ter me soltado, mas não fiz.
- Tudo bem, o médico já tinha me dito. Que seria a minha última noite, meu órgãos vitais foram muito danificados, eu iria passar o resto da minha vida em um hospital... eu não queria isso. Tá tudo bem.- ele tossiu durante muito tempo depois disso. - Você sempre foi meu ponto de apoio, e estou com um pouco de medo agora, será que você pode segurar a minha mão?
E eu, o que mais eu poderia fazer? Apertai sua mão com toda a força que ainda tinha.
- Vamos, sorria pra mim, você sabe que eu amo quando você sorri! Lembra das minha piadas sem graça? Das coisas idiotas que eu sempre falo? Vamos lá! - Idiota, você que sempre foi tudo pra mim, eu te amo, eu tenho que dizer isso!
- Eu...
- Eu sei. - foi o que ele disse.- O mesmo vale pra mim.
Então agarrei em todas as boas lembranças que eu tinha eu dei meu melhor sorriso, um sorriso molhado por lágrimas, mas um sorriso.
E ele sorriu de volta.
E os aparelhos não apitaram mais.
E eu chorei, eu grite, apertando sua mão, que nunca mais iria apertar a minha.
Quando olhei pela janela vi a aurora. A aurora foi o fim de tudo. Mas mesmo no fim, eu vi o seu sorriso e apertei a sua mão.
chorei com esse texto. muito lindo! parabens
ResponderExcluirabraços