Naquele momento eu senti que poderia fazer tudo o que eu quisesse. Eu não
hesitarei, farei tudo o que quero fazer. Foi como se houvesse alguém me
empurrando para frente e dizendo no meu ouvido: “Vai! O que está
esperando? Não tem porquê se preocupar, vai dar tudo certo.”
Toda a coragem que eu sempre precisei estava bem ali. E eu me senti
eufórica. Senti vontade de abraçar forte todas as pessoas importantes pra
mim. Senti que precisava gritar pra todos que eu os amava.
E também senti que seria capaz de dizer isso pra você. De finalmente
desfazer o nó colossal que tenho na minha garganta. Naquele momento, se
você estivesse lá, certamente agora o nó já não existiria.
Essa coragem, fez-me querer mostrar para todos a minha verdadeira face,
quero que todos saibam que não sou de ferro, que não sou de gelo, que, na
verdade, sou frágil como vidro e quente como brasa. Eu só construí muros e
barreiras em volta de mim. Não sou equilibrada e mansa como brisa, sou tão
destrutiva quanto um ciclone. O que você vê é a calmaria antes ou depois de
uma tempestade.
Agora estou agarrando essa coragem com toda a minha força. E implorando
que ela permaneça em mim só mais um pouco, só até eu te dizer. Só até eu
desfazer o nó.
Mas dizem que quando você aperta demais, escapole pelo meio dos dedos. E
posso sentir que a coragem está se esvaindo. Por isso, quando você me ver,
as barreiras já vão estar de volta nos seus devidos lugares, eu imagino.
Só que eu quero acreditar que eu ainda tenho uma chance. Espero poder
absorver um pouquinho dessa coragem. Para poder criar uma porta em meus
muros, mesmo que seja temporária. Assim poderei abri-las para as pessoas
certas por tempo suficiente para que da próxima vez, essas pessoas certas
sejam capazes de pular meus muros.
Sei que parece loucura, mas é o que eu quero fazer.
E quer saber? Que se dane se der uma grande merda depois! Se for para
sofrer as conseqüências, que seja por algo que eu fiz e não por aquilo que
deixei de fazer.
Então, por favor, minha sanidade, vá tirar umas férias! E deixe a coragem no
comando.