segunda-feira, 12 de setembro de 2011

Submersa

Ás vezes, imagino que estou debaixo d’água. Mergulho e afundo, até estar
sentada no fundo do oceano. Porque, lá embaixo, existe um mundo
totalmente diferente.
E a melhor parte é que, lá no fundo, você pode pensar que o mundo na
superfície é um sonho distante. Os sons de fora não chegam a mim, é
silencioso, calmo e eu posso passar muito tempo só observando como um
lugar tão calmo pode ter tanta vida.
Fico olhando meus cabelos flutuando ao meu redor, bolhas saindo quando eu
respiro e o som engraçado da minha voz lá em baixo.
Eu vago pelo mar e alguns peixinhos olham para mim e se afastam nadando
depressa.
Tem vezes que nado com golfinhos, baleias e até com um tubarão. Sempre
dou uma boa olhada nos tão maravilhosos corais e o mundinho que só a sua
existência proporciona.
É claro que também vejo as tartarugas, grandes e também os filhotinhos,
nadando lentamente e graciosamente como só elas fazem.
Ah... Agora o mundo da superfície parece tão surreal!
Eu ficaria bem lá embaixo com toda certeza.
O problema é que muitas vezes quando tento afundar, sou pescada por uma
rede sufocante e quanto mais tento me soltar, mais me enrosco nela. E eu
sou jogada de volta à terra desnorteada, perdida e os sons voltam altos,
fortes e machucam meus ouvidos. Várias pessoas querem que eu faça muitas
coisas de uma vez, impõem coisas à mim sem sequer escutar o que digo, sem
se importar com o que eu sinto.
Tudo que me resta é me acostumar com isso. E quando ficar excruciante,
finjo que estou bem, desejando mergulhar.
Porque se eu for bem boazinha eles não prestaram atenção em mim, afinal
só olham para você quando está fazendo algo errado, ninguém merece um
sorriso de aprovação simplesmente por fazer o certo, por se comportar.
“Isso é uma obrigação”. É assim que funciona.
Se eu não chamar atenção me esquecerão, pelo menos por um tempinho, daí
poderei mergulhar, afundar, ver meus cabelos flutuando ao meu redor,
bolhas saindo quando respiro... Ficar lá, embaixo d’água.

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