sexta-feira, 20 de janeiro de 2012

Bote Salva-Vidas


Estou afundando. Porém, não lenta e suavemente. Estou afundado como se
houvesse uma âncora amarrada ao meu tornozelo. O ar vai escapando dos
meus pulmões mais rápido do que a luz dos meus olhos.
Ar,ar, busco desesperadamente e, num ato impensado, solto minha
respiração. Então meus pulmões, antes vazios, agora estão cheios de água. E
tudo vejo, é escuridão.
Será que ainda estou consciente? Será que estou sonhando?
Ouço alguém chamando meu nome, estou morta?
Impossível, se estivesse não estaria sentindo dor ou frio.
Quando abro os olhos há um rosto na minha frente, um rosto preocupado,
mas não quero saber que é.
Meus pulmões estão cheios de ar, mas ainda sinto dor. E, mesmo sem
espelho, sei que não há luz nos meus olhos.
Percebo que estou sentada numa cadeira, abraçada aos meus joelhos e o sol
brilha lindamente no céu, como se tudo fosse belo.
E então o brilho diminui e estou sendo puxada de novo, me falta ar...
Aquele rosto continua olhando pra mim e falando coisas, mas não quero ouvir.
Ora veja só, mais uma vez estava eu me afogando nas minhas próprias
lágrimas puxada pra baixo pelas minhas tristezas.
Olho para a pessoa ao meu lado, e tento sorrir, mas sei que estou chorando
porque ela apertou minha mão e seu rosto continua franzido.
Queria poder agradecê-la, acho que foi ela que impediu que eu me afogasse,
mas as palavras não saem.
Então eu só a abraço bem forte e prometo a mim mesma que não irei soltar.
Não irei largar meu bote salva-vidas, não até chegarmos a terra.

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