sábado, 31 de dezembro de 2011

Visão Raio-X


Existem pessoas que tem visão raio-x. É isso mesmo, elas conseguem
enxergar, enxergar através das pessoas. Então elas podem ver o que há por
trás de um sorriso, de um abraço, de um soco, de uma lágrima.
O interessante é que a visão só funciona com pessoas com as quais já se tem
um tempo de convivência. Então, se você tiver visão de raio-x, ela não vai
funcionar com todos.
Também deve-se levar em conta que existem pessoas que são como paredes
de chumbo, é quase impossível achar pessoas com uma visão tão poderosa
que seja capaz de ver por trás dessas pessoas. Quase.
A visão pode salvar pessoas muitas vezes e todos podem desenvolve-la.
Alguns melhores que outras.
Eu tenho visão de raio-x. E nem sempre é conveniente. Às vezes as pessoas
ficam com raiva por eu ser capaz de enxergar aquilo que elas não queriam
que ninguém visse. Então, na maioria das vezes, eu finjo não ver. Porque eu
também tenho coisas que não quero que as pessoas vejam.
Porém, fico pensando que eu, não raro, escondo as coisas, esperando que as
pessoas encontrem. Será que os outros também fazem isso?
Algumas coisas são escondidas para jamais serem achadas, já outras, porque
querem que sejam achadas.
Então, como saber a diferença?


quinta-feira, 29 de dezembro de 2011

Ela é Você!


- Me conta!
E lá vamos nós de novo.
- Não.
- Por favor, Marcos!
Como essa garota é insistente!
- Não.
- Por quê?
- Porque não.
- Mas eu a conheço?
É claro que conhece, sua idiota!
- Eu ainda mato o Gustavo por ter te contado.
- Ele fez bem! Sou sua melhor amiga! Como você não me conta uma coisa
dessas? Eu posso te ajudar!
Odeio quando ela faz essa voz chorosa de vítima. Sinto-me culpado.
- Eu não preciso de ajuda, eu não tenho chance com ela.
- Como sabe?
Quando ela põe as mãos na cintura e junta as sobrancelhas, tentando ficar
séria, fica engraçado.
- Ela não gosta de mim. Eu sei que não.
- Ela disse isso?
- Não, mas...
De repente ela colocou as mãos nos meus ombros e olhou nos meus olhos.
- Então! A menos que você ouça da boca dela que ela não gosta de você, não
pode desistir! Você tem que dizer! Vai que ela gosta de você só que
esconde?
Ela parece realmente preocupada com isso.
- E se ela me der um fora?
- Você pode tentar fazer ela se apaixonar por você! Não precisa desistir tão
fácil! Se não der certo, é porque existe alguém melhor pra você por aí!
- Você anda lendo muitos livros de romance, sabia? Isso é muito surreal!
- Não é não! Acontece de verdade!
Depois disso, ela fez língua pra mim, só pra enfatizar a raiva.
- Tá, eu me rendo! Prometo que vou pensar em como dizer.
Então ela deu um pulo e me abraçou forte e disse no meu ouvido:
- E quem é ela mesmo?
- Há-há-há. Boa tentativa.
Nós continuávamos abraçados e eu pude ouvir ela suspirando.
- É tão importante assim você saber?
- Não, na verdade não. Eu estava pensando que, se ela não te der o fora, eu
não vou mais poder ficar assim com você.
- E por que não?
- Ué! Ela vai ficar com ciúme né!
- Não, ela não vai ter ciúme de mim com você, tenho certeza!
- Sério? Ela deve ser muito gente boa então! Quem é?
Eu a afastei de mim e coloquei o braço sobre os ombros dela.
- Você vai saber em breve.

quarta-feira, 14 de dezembro de 2011

Sinal


Eu poderia dizer que não espero nada. Poderia dizer que está tudo bem,
assim como está agora. Porém, seria uma mentira. E eu não gosto de mentir.
Por isso, eu me calo.
E espero.
Por algo especial.
Um gesto, uma palavra, qualquer coisa que seja. Vou estar atenta.
E quando notar alguma coisa, ficarei feliz. Até perceber que, na verdade,
foi tudo exagero da minha imaginação fértil.
Sempre espero por algum sinal, mas quando vejo algo que parece ser,
sempre acho que não é. Ou seja, jamais irei perceber nada.
Sou eternamente desacreditada. Tudo que você fizer, vou achar que na
verdade não quer dizer nada demais.
Por isso, não tem problema você ser escandaloso. Pode ser o mais indiscreto
possível. Com certeza vou te dar um soco se me fizer passar vergonha, mas
o abraço vem depois com o sorriso junto.
Provavelmente, esperarei por algo que nunca virá. Mas como disse, sou
desacreditada. Então, posso acreditar que talvez esteja errada?
Acho que sou um paradoxo ambulante.
Ah! Que se dane!
De qualquer modo, espero um sinal, algo bem visível porque quando se trata
de amor, sou completamente cega.

segunda-feira, 31 de outubro de 2011

Cacos


Um momento, um único gesto, uma cena aparentemente insignificante, pode
arrancar toda sua alegria, pode acabar com seu sorriso em um segundo.
Várias coisas acontecem ao mesmo tempo e justo ele me chama atenção. Por
um momento fico feliz em vê-lo, mas ele não está sozinho.
Em meio ao barulho da multidão ninguém consegue ouvir os pedaços do meu
coração se estilhaçando mais uma vez.
Continuo conversando, rindo e fingindo não olhar para ele. Ninguém percebe
que estou chorando por dentro. É como se ninguém visse os cacos do meu
coração no chão, por isso acabam pisando neles.
Eu pensei que depois de tanto tempo esse sentimento iria passar ou então,
ao menos, não iria mais doer tanto assim. Meus sentimentos não mudaram.
Eu não quero mais vê-los juntos, mas não consigo parar de olhar. E meu
coração vai se quebrando e quebrando... E as pessoas pisam nos cacos,
quebrando-os mais ainda.
Nós temos o cérebro para pensar porque se dependesse só do coração,
faríamos muitas burradas.
Afinal, se existem tantas pessoas, porque ele tinha que escolher logo uma
que ele sabe que nunca terá? Quanto mas eu terei que sofrer até que
entenda? Aquele coração não pode ser seu, chegou tarde, ele já tem dona. E
uma ótima dona.
Ele, eu jamais vou conseguir odiar. E ela também não, pois... Ele é feliz com
ela não é?
Pensei que se não o visse, iria esquecer. Porém, foi pior. Foi torturante.
Longe dele, perto dele. Sempre dói. Mas eu não consigo esquecer. Que
sentimento estúpido é esse?
Por favor, pare. Chega! Não sei se vou conseguir vencer essa coisa. Só sei
que se não fizer nada, os danos serão irrecuperáveis.
Né, alguém me diga: Por que não posso ter um amor correspondido?
Vejo os dois caminhando de mãos dadas. Se fossem outras pessoas com
certeza me faria sorrir. E fico olhando, até que não posso mais vê-los.

Me ajoelho e começo a catar os pedaços do meu coração. Corto as mãos.
Parece que a cada vez que se quebra, as pontas ficam mais afiadas. Colar um
coração também dói. E é trabalhoso, principalmente quando tem que fazer
tudo sozinha.

Minhas mãos estão cobertas de sangue e estou tremendo. Os cacos, não
querem colar!
Tento de novo e de novo, mas eles não ficam. Só estou me machucando mais!
Ei, não tem ninguém que possa colar os cacos do meu coração? Eu já não consigo sozinha.

domingo, 30 de outubro de 2011

Sonho?


Eu tive um sonho.
Eu sabia que estava deitada, mas não era na minha cama.
Onde estava deitada era duro e pinicava um pouco. Porém, sob minha cabeça,
ainda sentia meu travesseiro.
Não estava mais no meu quarto. Eu conseguia sentir a luz aconchegante do
sol sobre mim e também sentia um cheiro suave de verde.
Fechei minha mão e pude sentir a grama entre meus dedos. Eu podia ouvir o
canto de algum pássaro ao longe e também o barulho de água correndo,
talvez um pequeno rio.
Eu realmente queria abrir os olhos, mas imaginei que se fizesse isso iria
voltar para meu quarto escuro.
No meu sonho, fiquei deitada um tempo, ouvindo e apalpando a minha volta.
Constatei que, a minha volta, não havia nada além de grama. Pensei em
levantar e tentar andar um pouco, mas tive medo de acordar com isso
também. Aquele lugar parecia tão perfeito, não queria ir embora.
A curiosidade estava me corroendo e quando decidi levantar de olhos
fechados, escutei um novo ruído.
Passos.
Fiquei paralisada. Escutei atentamente, seja lá o que for se aproximar de
mim. Até que a coisa parou e sua sombra cobriu o sol que batia no meu rosto,
não gostei disso.
Eu pensei em correr, em gritar, em várias coisas. No entanto, fiquei lá,
deitada fingindo dormir.
Não sei quanto tempo passou, mas a sombra continuava sobre mim. Decidi
que poderia, pelo menos, dar uma olhadinha.
Reuni toda a minha coragem e tentei abrir o menos possível meus olhos e
então...
- Não vale espiar!
Quando ouvi a primeira palavra apertei meus olhos com tanta força que doeu.
A coisa falava! E parecia voz de um garoto, uma voz que eu nunca tinha
ouvido antes.
- Q-Quem e-está aí? – eu disse, não só minha voz estava tremendo, mas
minha mão também. Estava suando frio.
- Por que está tremendo? Por um acaso acha que eu vou te devorar? Não se
preocupe, eu não sou um canibal nem nada do tipo.
Eu podia ouvir um tom de brincadeira na sua voz. Mas mesmo assim não
consegui parar de tremer.
- Até parece que eu iria deixar você me devorar! – eu disse, fingindo
coragem.
- Não deveria falar essas coisas tremendo do jeito que você está.
Então eu pude ouvir sua gargalhada. Primeiro eu fiquei com muita raiva,
tenho certeza que fiquei vermelha também. Mas aquilo me acalmou. Não era
um riso assustador, era... Bom.
- Onde a gente esta? – eu perguntei.
- Você não sabe?
- Como eu poderia saber?
- Ué, você é que estava deitada aí tão calmamente. Pensei que tinha
resolvido tirar um cochilo ao ar livre. Trouxe até travesseiro!
- Bom, eu não sei onde a gente está! Onde estamos?
- Aqui.
- Aqui, ONDE?
- Estamos aqui na grama.
Ele estava realmente me irritando! Que tipo de resposta foi essa? Preciso
ver o rosto desse idiota!
- Não vale espiar, eu já disse.
- Como sabia que eu iria olhar?
- Não sabia, só achei que deveria dizer isso. Então, não espie.
- Por quê?
- Porque não.
- Você é muito irritante!
- Você tem cheiro de doce.
Meu rosto ficou quente. Isso lá é coisa que se diga? O que esse estúpido
pensa? E também, eu não tenho cheiro de doce, tenho?
- Olha só, eu te deixei com vergonha!
- C-claro que não! Estúpido!
E ele riu satisfeito. Idiota.
Depois disso, ficamos em silêncio. Eu queria conversar, mas estava com
muita vergonha pra dizer alguma coisa. Então voltei a ouvir o som do rio e
dos pássaros.
Até que...
- Você dormiu? – ele perguntou
- Como poderia dormir sabendo que tem um maluco me encarando?
- Tem razão.
E então ele riu. E mesmo se querer, acabei sorrindo. Eu queria mesmo ver o
rosto dele.
- Eu posso abrir os olhos agora?
- Não.
- Mas e se eu abrir?
Silêncio. Então eu estiquei o braço bem devagar e fui procurando por ele
cegamente.
- O que está fazendo?
- Procurando o seu rosto para que eu possa dar um soco nele.
Que expressão ele fez depois que eu disse isso? Ele ficou bravo? Ele
sorriu? O que? Eu quero ver.
- Por que eu não posso te ver? – eu disse. E percebi que estava agindo como
uma criança resmungona.
E foi ai que ele segurou minha mão.
- Por favor, não insista. – quando disse isso, sua voz não era mais alegre. Dor.
Havia dor ali.
- Só um pouquinho.
Ele deu um risinho e disse:
- Você é mesmo teimosa sabia?
E então algo pingou na minha bochecha. Chuva? Não, não havia cheiro de
chuva no ar. E também não era gelado. Será que? Será que eu o deixei tão
triste assim? Eu tenho que saber!
Com a minha mão livre procuro mais uma vez o seu rosto e quando encontro,
está molhado.
Tenho que olhar para ele quando for me desculpar. Quanto tiro a minha
cabeça do travesseiro tento apertar a sua mão, mas ela já não está mais lá.
Não, não, não.
Quando abro meus olhos, estou sentada na cama, encarando a escuridão do
meu quarto.
Minha mão, vazia, nem sinal de que, poucos segundos atrás, havia alguém que
estava segurando-a.
Porém, quando encosto a mão na minha bochecha, começo a chorar.
Ela estava molhada.

quarta-feira, 26 de outubro de 2011

Caro Príncipe Encantado


Sabe, eu sempre odiei histórias de princesas! Porque são patéticas. As
princesas ficam lá: ingênuas, bobas e indefesas. Só esperando o tal “príncipe
encantado” para salvá-las.
E sempre a mesma história: a pobre princesinha está em perigo então surge
o grande e maravilhoso príncipe e salva-a. Eles se apaixonam do nada, se
casam (namorar para que né?) e vivem felizes para sempre.
Bom, meu caro príncipe, eu fugi.
Me desculpe meu príncipe, mas não irei esperar você me salvar. Não ficarei
sentada batendo palminha para você enquanto você enfrenta os perigos.
Eu sei me virar. Posso descer da torre sozinha, não serei estúpida a ponto
de aceitar comida de estranhos, muito menos ficarei dormindo a sua espera.
Se acha que não posso sair por aí sozinha, está enganado.
Não preciso de um príncipe em um cavalo branco que se ache a “ultima
jujuba do pacote”, odeio narcisismo.
Se me quiser, venha atrás de mim, enfrente os obstáculos que compõe minha
personalidade problemática, são piores que qualquer dragão, pode ter
certeza. Se não desistir, pode ser que seja digno.
Eu sei, assim talvez nunca me alcance. E isso me assusta.

Mas, eu não quero me tornar aquilo que eu mais odeio. Eu não vou desistir de
mim. Então, se achar que essa suposta princesa metida a cavaleiro vale a
pena, não desista de mim só porque achei meu sapato sem ajuda. Venha me
capturar, se for capaz.
Mesmo que não pareça estarei esperando, me desafie e veremos se merece
seu título.
Te espero por aí.
De sua Princesa Fugitiva

sexta-feira, 21 de outubro de 2011

O Encanto das Conchas

Caminhando na praia olhando, não para o mar que se estende além do
horizonte ou para o sol que tenta se esconder dentro daquelas águas
profundas, mas para a areia. Muita areia molhada.
E eu observo o vai-e-vem das ondas, esperando que a superfície lisa da água
seja cortada pela presença de alguma conchinha.
Deveria ter trago um balde. Porque já tenho tantas que não cabem mais em
minhas mãos. Levanto a barra da blusa e faço uma pequena bolsa. Não é
grande coisa, mas já é melhor que minhas mãos.
Por que será que conchas são tão encantadoras? Elas são meros restos,
deixados ali por um molusco. Mas são realmente lindas.
Assim como eu, a maioria das pessoas as acha na areia da praia e pegam-nas
para levar para casa. Simplesmente porque, naquele momento, acharam
aquilo tão bonito que não poderiam deixar ali. É um mau-hábito que as
pessoas tem. Não podem ver algo bonito que já o querem para si. São
egoístas. Se deixassem ali mais e mais pessoas poderiam apreciar aquilo.
Mas eu sou só mais uma hipócrita. Afinal, cá estou eu catando conchinhas na
praia.
Quanto mais fundo o sol mergulha no mar, mais pesada fica minha blusabolsa.
O respingar das ondas não molhou minhas roupas, mas me deixou com
cheiro de maresia. Os pelos dos meus braços estão arrepiados, e isso
começou a me incomodar, apesar de seca, o vento incessante já é gelado o
suficiente. Devo voltar, mas antes, vou sentar e ver o sol terminar seu
mergulho.
Afasto-me um pouco do mar. Sento na areia seca e algumas das conchinhas
caem da minha blusa.
Seguro um punhado delas nas mãos e fico a olhá-las.
Agora que paro para pensar... Céus! O que vou fazer com elas??? Porque é
que catei tantas? Acho que fui pega pelo encanto das conchas, de novo.
Agora, elas nem parecem mais tão belas.


A lua já está no céu, e eu estou tremendo tanto que se não voltar logo vou
ter uma hipotermia.
Recolho minhas conchinhas e ponho-as na blusa. Hora de voltar. Agora, as
ondas já estão bem violentas. Perfeito.
Uma a uma vou jogando as minhas conchinhas nas ondas. É claro que não as
vejo cair na água, está muito escuro, sequer ouço-as. As ondas são
barulhentas. Só vejo as minhas conchinhas sumindo no céu.



Ahhhhh!!!! Como estou dolorida.
Chegando em casa, desabo no chão da varanda, suja, com frio e sem nada em
mãos.
Mas, valeu a pena. As conchas eram mesmo lindas.
Por que eu não fiquei com elas?
Ah é! Quando as segurei nas mãos percebi que eram muito mais bonitas e
únicas quando as vi brilhando no meio daquele monte de areia.
No entanto, tola do jeito que sou, amanhã quando ver aquele pontinho
brilhando no meio da areia, cortando a superfície da água, resistindo ao
puxão das ondas, tenho certeza que vou pegar.
Vou pegar tantas que não vou nem conseguir carregar, só para depois ter
essa mesma conclusão e jogá-las nas ondas de novo.
Bom, não tem jeito. É assim que funciona, o encanto das conchas.
De qualquer jeito, não posso esquecer o balde!

sexta-feira, 14 de outubro de 2011

Gotinhas de Felicidade

Existem certas coisas na vida que são tão insignificantes, mas tão
significantes ao mesmo tempo, não acha?
Veja bem, você não fica impressionado quando olha para o céu e vê uma
nuvem que você jura ser igualzinho a um cachorro, dragão, carneiro ou até
tudo isso junto? Vai me dizer que você não acha, no mínimo, legal quando
você olha as horas e são 11h11min ou 22h22min?
Você realmente nunca parou para olhar um pássaro que é estranhamente, ou
lindamente, vermelho, azul ou verde? Você nunca ficou encantado com a
Lua?
Tenho que dizer que, quando essas coisas acontecem, eu involuntariamente
sorrio. Não sei por quê. São essas situações que sempre me dão aquela
gotinha de felicidade inexplicável.
Você já viu um casalzinho que velhinhos caminhando na praia, de braços
dados? Se viu, você também não achou aquilo lindo? Você também não
sorriu? Talvez seja só eu a estranha, mas a felicidade alheia me deixa feliz.
Às vezes quando você está lá pensando em nada ou em tudo essas coisas
acontecem. E então você se concentra naquela coisinha e é idiotamente feliz
durante aquele curto momento, por que viu aquela coisa.
Pode ser que eu esteja maluca e só eu sinta essas coisas. Mas tudo bem. Nos
momentos em que me sinto vazia e vejo essas coisas sem significado,
gotinhas de felicidade caem. Caem, caem, caem. Como as primeiras
refrescantes gotas de chuva depois de um verão infernal. Se só as gotas são tão boas que venha a tempestade!

sexta-feira, 30 de setembro de 2011

O Abismo

Está caindo em um abismo e tem duas opções:
1ª: Segure a mão que se estende da beirada e seja puxado de volta.
2ª: Você pode continuar caindo, caindo na esperança de haver alguém lá no
fundo para te segurar, alguém que te ajudaria a enxergar naquele breu.

E não veja me dizer que às vezes não há mão pra se segurar! Sempre há uma mão, só que alguns não querem vê-la.
Agora, alguém lá no fundo? Alguém, lá fundo, que vai ter força para segurar
você? Alguém que vai conseguir achar a saída? Alguém que foi capaz de
sobreviver à queda? É praticamente impossível ter alguém lá embaixo!

No entanto, os salvadores têm limitações:
O que está na beirada só poderá te salvar enquanto sua mão ainda estiver ao
alcance.
Já o que está no fundo, se ele estiver lá, só poderá te salvar quando chegar
lá.
Muitos resolvem seguram aquela mão tarde demais, e tudo que lhes resta é
cair.

Creio que cair sem ter certeza se poderá se salvar possa ser doloroso, por
isso muitas pessoas tentam se agarrar as paredes e seguram-se bem firmes
e ficam lá, com medo de cair e sem força para subir, parados.

Como eu sei disso? É porque eu estou aqui em baixo. Como eu cheguei aqui?
Eu era uma daquelas mãos na beirada. E não pude alcançar a minha pessoa a
tempo, então pensei em pular, mas acho que ela resolveu se segurar nas
paredes.
Do tempo que estou aqui, ninguém que teve coragem de soltar das paredes
do abismo chegou ao fundo sem que houvesse alguém para lhe segurar. E
todos que esperavam por alguém aqui, nunca foram embora sozinhos.

E aí? Qual seria a sua opção? Escolheria a tempo? Seguraria nas paredes?
Aquela pessoa que estendeu a mão para você pularia para tentar te salvar?
Acho que essas coisas nós só sabermos a resposta quando acontecer.

Quanto a mim, eu poderia tentar escalar a parede para chegar a minha
pessoa, mas e se ela resolver soltar antes de eu chegar lá?
Por isso, vou esperar. Afinal se tive coragem de pular sei que ela também vai
ter coragem de soltar.

quinta-feira, 29 de setembro de 2011

Já Basta!

Sabe, já está na hora,
já passou da hora, aliás!
Cansei-me disso,
não quero amar mais.

Estou farta de chorar.
Não quero mais suspirar.

Não por você.

 Quando você está perto
meu coração pula
e não consigo respirar
Por que tem que ser
tão doloroso amar?

Por que apareceu para mim?
Por que sorri para mim?
Pare de dar esperanças
ao meu pobre coração congelado.
Você sabe que jamais
poderá alcançá-lo.

Coração idiota,
levou tanto tempo para amar
e no final, você sabe
só irá se machucar...


Você se Foi

Eu sei, eu sei que você se foi. Foi para um lugar em que eu não posso segui-lo,
se tentar jamais chegarei lá! Eu sei mas, eu não entendo. Por mais que eu
diga a mim mesma “ele se foi, ele se foi” ainda... Alguma parte de mim, por
menor que seja se recusa a acreditar.
Eu vi você lá, lindo como sempre foi, em um terno muito bonito com as mãos
sobre o peito.
Sua expressão era serena, me lembrava muito bem dela. Sempre que te
olhava dormindo você tinha a mesma expressão. Eu sei que é ridículo mas, eu
esperava que você abrisse os olhos e sorrisse para mim e diria que tudo foi
uma grande piada. Mas não aconteceu. Eu pedi para que esperassem o
máximo possível, mas você não abriu os olhos. Eles fecharam a tampa e
taparam o buraco. E eu fiquei lá, só olhando.
Todos me olhavam com se eu fosse anormal. Porque eu não derramei nem
uma lágrima sequer, nem umazinha. E até hoje não o fiz. Não chorei. Creio
que seja porque eu ainda estou na segunda fase: A Negação. Será que eu não
poderia pular direto para a quinta.
Como você sempre dizia: eu odeio fazer as coisas do jeito certo.
Eu ainda espero você chegar do trabalho e me dar um beijo e então nós
conversaríamos sobre nossos dias, e sobre mais um monte de bobeiras como
sempre fazíamos. Acho que é injusto que mesmo que você tenha ido o seu
cheiro ainda permaneça na casa, e este intensifica ainda mais as minhas
lembranças de você.
Mas eu não quero sair dessa casa. E se você voltar? DROGA!!! Eu sei que não
vai voltar!
Eu quero ficar. Não quero perder nada. Nem uma lembrança sua. Não
importa a dor que elas me causem agora, não importa o quanto elas ainda vão
me fazer chorar. Eu não quero perder nenhuma delas porque eu sei que um
dia todas elas serão razões para que eu sorria.
Ora, veja só aqui estou eu, já faz um ano agora. E estou ajoelhada sobre seu
túmulo mais uma vez lembrando tudo isso. E as primeiras lágrimas salgadas
escorrem em torrentes pelo meu rosto (isso seria a depressão?). Acho que
ainda virei muito aqui e molharei o a terra que está sobre você e conversarei
com você. Ainda é reconfortante conversar com você. Você sempre disse
que eu falava demais, bom, velhos hábitos nunca mudam eu acho.
Eu me levanto, meus joelhos estão sujos de terra, os limpo e me viro para ir
embora.
Eu realmente não sei o que aconteceu depois, em um momento estava dando
um passo e no seguinte estava de cara no chão. Não sei como aconteceu!
Quando levantei olhei pra mim mesma e vi que estava coberta de terra. E
então comecei a rir. Rir muito, coisa que não fazia desde que você se foi.
Porque imagine que cena cômica: uma mulher se levanta e daí não consegue
nem dar um passo: cai direto de cara no chão!
Você costuma implicar comigo, sempre arrumava uma jeito de me fazer
tropeçar, a maioria das vezes eu me equilibrava de novo, mas quando não
dava você sempre me segurava.
Porque você não me segurou?
AH! Ótimo! Cá estou eu chorando de novo, mas estranhamente, estou rindo
também.
É isso não é? Precisei cair de cara na terra para entender! Você não pode
mais me segurar, mesmo que queira, você não pode.
Olhei para sua lápide mais uma vez e tentei juntar tudo o que senti, tudo o
que quis te dizer e não pude e o que saiu foi um sussurro meio soluçado:
“Eu não vou cair na próxima, idiota!”
Então eu pude ver, claramente, você bem na minha frente com aquele
sorriso brincalhão e seu olhar desafiador. Então você acenou pra mim, dessa
vez com sorriso doce e eu, eu acenei de volta e me virei para ir para casa.
Mas não resisti em dizer:
“A gente se vê”
E pude ouvir a sua risada travessa enquanto me afastava.
Se acha que vou só esquecer, está muito enganado. Vou sempre lembrar, mas
vou seguir em frente. De algum jeito!

quarta-feira, 28 de setembro de 2011

Fadas

Você acredita em fadas? Sabe, eu gostaria de acreditar.
Alguns dizem que fadas podem interferir de forma mágica no destino das
pessoas. Já ouvi dizer que são muito inteligentes, mas também já ouvi que
são bem burrinhas...
Já houve casos de pessoas dizerem que viram fadas, mas por mais que
queira, não consigo acreditar nelas.
Mas daí eu pensei “e se”...
Bom, se eu acreditasse em fadas elas seriam boazinhas, inteligentes e muito
fofas! Elas habitariam as florestas mais profundas, onde nós não
poderíamos achá-las para nos aproveitarmos delas. Somente as mais ousadas
saíram da floresta e só seriam vistas pelas pessoas certas, pessoas que não
fariam mal a elas.
Seriam bom se todos pudessem acreditar em coisas puras e belas como essa.
É verdade que a maioria das pessoas não acredita em fadas, duendes, elfos,
centauros, bruxas más, príncipes encantos e todas essas coisas de contos
de fadas. Mas quantas pessoas gostariam de acreditar?
Por quê? Hum... Talvez só porque sabem que não é possível que exista, talvez
porque gostariam de acreditar que poderia ainda existir algo puro, algo belo,
que o ser humano ainda não foi capaz de arruinar.
Se fadas existem, acho melhor que continuemos a pensar que não. Porque eu
ainda quero imaginar minhas fadas do meu jeito e pensar “seria bom demais
pra sem verdade”.
Se fadas fossem de verdade elas perderiam todo o encanto, não acha?
Afinal, certas coisas são bem melhores quando nós as imaginamos.

segunda-feira, 19 de setembro de 2011

Um ano de Namoro

Nós dois estamos sentados num banquinho da praça tomando Milk-shake.
Comemorando um ano de namoro. E eu ainda não consigo acreditar como eu
posso estar com um cara como ele.
O dia está ótimo. O sol não está nos torrando e tem uma brisa fresca
soprando, balançando as folhas das árvores e tem várias crianças brincando.
- Posso fazer uma pergunta?- eu digo, fingindo indiferença olhando para as
pessoas andando.
- Você já acabou de fazer uma. - e dizendo ele me mostra aquele sorriso
brincalhão que eu adoro. – Mas como sou muito bonzinho deixo você fazer
mais uma.
- Há-há, que engraçado. E pensar que fui eu que ensinei isso para você!
- O pupilo supera seu mestre! Mas, o que queria me perguntar?- daí ele volta
a beber o Milk-shake e fica olhando para mim curioso esperando a pergunta.
- Ah... você... é... – e eu já posso sentir meu rosto quente que deve estar, no
mínimo, da cor de ketchup. – Você... hum... sabe eu pensei... se você está
comigo a tanto tempo... Você está apaixonado por mim?
Eu estive o tempo todo olhando para meus joelhos e quando levanto os olhos
ele está tossindo, tem Milk-shake no chão e o rosto dele está muito
vermelho.
- Você está bem? – e me levanto e seguro a mão dele, então ele olha para
mim e quando nossos olhos se encontram, não sei por que, mas eu sinto que
meu coração vai sair pela boca e solto a sua mão depressa e volto a olhar
para os meus joelhos.
Isso é estúpido, isso sempre acontecia quando começamos a namorar, mas
eu achei que tinha passado.
- Não seja uma idiota! Que tipo de pergunta foi essa? Não acredito que você
ainda tem dúvidas! Achei que fosse óbvio... – de repente a voz dele se
transformou em um sussurro – é claro que eu sou... apaixonado por você.
Se é que é possível sinto meu rosto mais vermelho ainda, mas eu ergo minha
cabeça e o vejo com as mãos no rosto, no entanto posso ver sua orelha, e ela
está púrpura.
Isso me faz sorrir. Eu achei que fosse impossível deixá-lo envergonhado!
Sou sempre eu quem fica vermelha, sempre.
Mesmo estando extremamente feliz pela resposta que eu tive não posso
deixar essa chance passar...
- Quando foi? – eu falo, e mais uma vez me volto aos meu joelhos.
- O que? – pelo canto do olho posso ver que ele tira as mãos do rosto e olha
para mim.
- Quando foi... que você se apaixonou por mim? – eu o olho nos olhos e
controlo a minha vontade de encarar meus joelhos, ciente de que estou tão
vermelha quanto ele.
- Por que você quer saber isso agora?
- Porque.. porque você nunca me diz nada e eu, bom um cara como você com
alguém como eu é... estranho. Eu não nada feminina, não sou bonita, eu sou
tão...sem sal.
- E só não sou bom nessas coisas! E não diga que você é sem sal!! Você é tão
complexa de tantas maneiras diferentes e mesmo assim tão perfeita... Tem
certeza de que é desse planeta?
Tive que rir. E isso fez com que eu ficasse mais calma. E parece que
funcionou para ele também.
Depois que o acesso de riso, de nós dois, passou ele passou um de seus
braços pelos meus ombros e me puxou para mais perto me fazendo apoiar
minha cabeça no seu ombro. Depois, eu pude sentir-lo encostar seu rosto
nos meus cabelos e eu estava tão feliz que tomei um susto quando ele
começou a falar:
- Eu respondo a sua pergunta, se você prometer que vai ficar desse jeito. É
proibido levantar sua cabeça. Entendeu?
- Você não quer que eu olhe para você porque está com vergonha? – eu disse
e me surpreendi com o tom travesso na minha voz.
- Ahh... não torne as coisas mais difíceis...
- Ok,ok... Eu prometo. – e um sorriso se formou nos meus lábios. Estou
mesmo gostando de deixá-lo sem graça!
- Ótimo! Bom, eu acho que não sei ai certo quando me apaixonei por você.
Sou muito estúpido para isso. Mas eu... hum... eu sei quando foi que eu
descobri que estava apaixonado.
“ Eu estava indo para casa a noite e eu vi três caras suspeitos conversando
com uma menina, eu parei para olhar porque parecia que eu conhecia a
garota. Então um dos caras a agarrou e eu corri para ajudar. Enquanto eu
corria pude ver que eu realmente conhecia a garota. Era você! Nós já
éramos amigos naquela época. Quanto cheguei mais perto vi que você estava
brigando com os três, e eles estavam perdendo, mas mesmo assim eu quis
ajudar!”
“Mas eu não sabia como! Você estava lutando tão bem! Eu sabia que você
tinha aulas de artes marciais, mas não sabia que era tão boa. Tudo que eu
pude fazer foi olhar você derrubá-los. Então eu coloquei a mão no seu ombro
para te dar os parabéns e daí quando dei por estava no chão. E quando eu
tentei me levantar você me deu um chute nas minhas...bolas... tão forte que
eu perdi a consciência.”
“ Quando eu acordei eu vi seu rosto e você estava chorando e me pedindo
desculpas e mais desculpas e aí você disse: “Eu não queria ter te batido tão
forte! Mas também, que idéia foi aquele de chegar assim do nada?? O quão
idiota você pode ser? AH! Eu fiquei tão preocupada!” e daí vou chorou mais e
continuava tentando enxugar as lágrimas. E eu fiquei no chão pensando em
como alguém poderia ser tão forte e tão frágil ao mesmo tempo...e pensando
em como eu faria você parar de chorar e comecei a entrar em desespero... e
então você levantou, me puxou do chão e sorriu.”
“Daí eu percebi o quanto eu estava encrencado porque eu me peguei
pensando que seria bom apanhar de novo e de novo e ver você ficar
preocupada comigo e ver aquele sorriso depois e andar apoiado em você por
ai por causa da dor e poder sentir o cheiro do seu cabelo...”
- Posso olhar para você agora?
- Nã...
Mas eu não esperei ele responder. Estava tão feliz, tão feliz!! Coloquei meus
braços em volta do seu pescoço e o beijei, e depois o abracei tão forte que
meus braços doeram.
- Eu deveria contar essa história mais vezes... – ele olhou para mim e sorriu.
- Se você ainda quiser eu posso te dar uma surra de novo...- eu falei,
esfregando os punhos.
- É claro, e dessa vez eu só vou acordar com um beijo!- disse ele rindo.
Então ele me viu levantar e me colocar em posição de luta. – Você está
brincando, né?







quinta-feira, 15 de setembro de 2011

Guarda-Chuva

Está chovendo lá fora. Eu gosto. O barulho da chuva batendo nas folhas das
árvores e no chão parece abafar qualquer outro. É como se não existisse
nada, só eu e a chuva forte lá fora.
Abro a porta devagar, e as primeiras gotas de chuva batem na minha cabeça,
geladas. Não vou pegar um guarda-chuva, até porque eu não tenho um. Desço
os três degraus que separam minha casa da rua e já estou toda molhada. Eu
estou descalça talvez eu acabe escorregando, mas não me importo.
Não há ninguém, a rua está deserta mesmo que o sol tenha acabado de se
pôr e seja domingo. Isso bom, é como se estivesse em outro lugar e nada
daquilo tivesse acontecido.
Andei pelas ruas desertas por horas, ou talvez tenham sido minutos, a chuva
caindo e lavando tudo. Absorta em tudo, menos em mim mesma.
Até que algo me despertou. Dois adolescentes, um casal, de mãos dadas
correndo e rindo. Eles estavam tão molhados quanto eu, sabiam que correr
não ia adiantar nada, mas mesmo assim corriam. Ele ia na frente, e ela
agarrada a mão dele logo atrás com os sapatos em uma das mãos. Tão rápido
quanto apareceram eles foram embora. Mas eu fiquei lá, parada. Eles
estavam fugindo da chuva. Por que eu sai de casa na chuva? Acho que deixei
a porta de casa aberta. Tenho que voltar, mas eu não quero. Por que eu quis
tão desesperadamente ficar na chuva?? Já está escuro e a chuva está tão
forte e as gotas começam a doer...
Escuto um barulho tão alto que grito e caio de joelhos, foi um raio. Procuro
a parede mais próxima para tentar levantar, estou tremendo, já não sei se é
de medo ou de frio. Meu rosto está muito molhado, mas acho que não é só a
chuva.
Eu saí na chuva na esperança de que ela lavasse as minhas lembranças. E por
um tempo eu até esqueci. Mas de qualquer jeito não posso evitar voltar para
uma casa vazia.
Pensando bem vou ficar aqui, na esperança de que ele volte para casa e ao
não me encontrar lá ele saia para me procurar, isso quer dizer que ele se
importa, não é? Então ele vai aparecer com um guarda-chuva e me abraçar e
vamos para casa juntos, como sempre. Se ele não aparecer... Vou esperar
mais, se não for ele, outra pessoa certamente irá aparecer com um guarda-chuva...
Certamente.

segunda-feira, 12 de setembro de 2011

Submersa

Ás vezes, imagino que estou debaixo d’água. Mergulho e afundo, até estar
sentada no fundo do oceano. Porque, lá embaixo, existe um mundo
totalmente diferente.
E a melhor parte é que, lá no fundo, você pode pensar que o mundo na
superfície é um sonho distante. Os sons de fora não chegam a mim, é
silencioso, calmo e eu posso passar muito tempo só observando como um
lugar tão calmo pode ter tanta vida.
Fico olhando meus cabelos flutuando ao meu redor, bolhas saindo quando eu
respiro e o som engraçado da minha voz lá em baixo.
Eu vago pelo mar e alguns peixinhos olham para mim e se afastam nadando
depressa.
Tem vezes que nado com golfinhos, baleias e até com um tubarão. Sempre
dou uma boa olhada nos tão maravilhosos corais e o mundinho que só a sua
existência proporciona.
É claro que também vejo as tartarugas, grandes e também os filhotinhos,
nadando lentamente e graciosamente como só elas fazem.
Ah... Agora o mundo da superfície parece tão surreal!
Eu ficaria bem lá embaixo com toda certeza.
O problema é que muitas vezes quando tento afundar, sou pescada por uma
rede sufocante e quanto mais tento me soltar, mais me enrosco nela. E eu
sou jogada de volta à terra desnorteada, perdida e os sons voltam altos,
fortes e machucam meus ouvidos. Várias pessoas querem que eu faça muitas
coisas de uma vez, impõem coisas à mim sem sequer escutar o que digo, sem
se importar com o que eu sinto.
Tudo que me resta é me acostumar com isso. E quando ficar excruciante,
finjo que estou bem, desejando mergulhar.
Porque se eu for bem boazinha eles não prestaram atenção em mim, afinal
só olham para você quando está fazendo algo errado, ninguém merece um
sorriso de aprovação simplesmente por fazer o certo, por se comportar.
“Isso é uma obrigação”. É assim que funciona.
Se eu não chamar atenção me esquecerão, pelo menos por um tempinho, daí
poderei mergulhar, afundar, ver meus cabelos flutuando ao meu redor,
bolhas saindo quando respiro... Ficar lá, embaixo d’água.

segunda-feira, 5 de setembro de 2011

Frio

Está frio. Mesmo que eu esteja coberta com várias camadas de colchas, eu ainda sinto frio. Acho que "sinto frio" não é a expressão certa, o mais correto seria dizer que me sinto fria.
Eu sinto os meus pés, meus dedos, mas há uma coisa que eu não sinto. Você já deve ter descoberto o que é.
Quando vejo um pessoa juntas, sorrindo, se divertindo, meus lábios esboçam um sorriso, mas um sorriso triste, pois meus olhos não mentem. "Os olhos são a janela da alma" alguém disse uma vez. No espelho, o que vejo em meus olhos é escuro, um buraco frio e sem fundo que foi se formando com o passar dos anos.
Creio que se me olharem nos olhos as pessoas perceberão, e eu não quero que elas vejam, não queram que sintam o frio que vem de dentro de mim, não quero sintam frio, pois é doloroso.
Tudo que tenho fazer é evitar. Evitar que me olhem. Até chegar o dia em que o buraco ficará grande demais, o frio que vem dele ficará doloroso demais e eu enfim congelarei e as pessoas passarão por mim, cuidando de suas vidas, não me notarão e, sem querer, vão esbarrar em mim, e eu cairei e quebrarei eu mil pedacinhos que ninguém vai conseguir juntar.

quinta-feira, 1 de setembro de 2011

Dormi em um Armário de Limpeza

Sério, quem disser que não gosta de festas de criança é um grande mentiroso. Docinhos, cachorro-quente, pipoca, algodão-doce e mais um milhão de comidas deliciosas. O único problema é que a partir da primeira espinha, adeus sacolinha de doces, mas fazer o que...
O problema é que eu vim trazer o meu irmão e tenho que FICAR AQUI até que ele queira ir embora. E parece que eu sou a única pessoa com mais de um metro que não está vestida de palhaço, e isso não é nada agradável.
Onde estão os pais das outras crianças? Devem estar no gramado lá atrás, no churrasco. É claro que lá eu ficaria do mesmo jeito que estou aqui, sentada pensando no meu azar rezando para que o parabéns fosse cantado antes que eu seja incapaz de tirar a minha bunda da cadeira. A diferença é que eu estaria sentada numa cadeira de tamanho normal que não vai me deixar futuramente corcunda. E não estaria prestes a ter um colapso por causa uma criança irritante que não para de gritar.
Porque eu estou aqui então? Bom, entre ser encarado por um bando de velhos como se eu fosse algum tipo de aberração só por não ter um único fio branco, eu prefiro ser encarada por um bando de melequentos como se eu fosse um tipo de aberração por ter minha cabeça proporcional aos meus membros, pelo menos aqui tinha comida!
- Tia, eu quero ir ao banheiro!- eu escutei uma vozinha dizer- Tia, tia, eu quero fazer pipi- e uma mãozinha puxou meu braço.
Ótimo! Tia! Agora eu sou chamada de tia!!!! Já estou enturmada, não é maravilhoso???
Depois de levar a minha nova amiguinha ao banheiro não tive mais sossego. Queriam que eu fosse pintar, pegar refrigerante, até tive que pular no pula-pula porque meu irmão não queria ir sozinho! Fui puxada para todos os lados por várias mãozinhas.
Quando o "parabéns" finalmente aconteceu eu aproveitei o momento para sumir de vista. Vi uma garçonete saindo por uma porta com uma bandeja de cachorros-quentes. A cozinha!!!! Nenhuma criança iria para a cozinha!
Dei uma olhada para localizar o meu irmão, ele estava muito bem, pelo jeito só iria embora quando a festa acabasse.
Entrei na cozinha agachada, acho que pessoal do buffer não iria querer ninguém xeretado lá dentro. Onde eu poderia me esconder? Tenho que pensar! Quando o parabéns acabar os empregados voltaram para a cozinha...
Ouvi várias palmas e depois uma mulher dizendo " Hora do bolo!!" e depois passos, vindo para a cozinha, se saísse agora todos iriam ver... Uma porta! Na parede ao da porta por onde tinha entrado! Deve ser um armário... Girei a maçaneta e entrei bem no momento em que a porta da cozinha abriu de novo.
Era um armário para produtos de limpeza, até que não era tão pequeno... ainda bem, pelo visto passaria um tempinho ali. Me sentei no chão e esperei, esperei não ouvir mais conversas, esperei, esperei, esperei....

- Moça?- uma voz meio distante chamou- Ei, garota!! O que está fazendo no armário?- a voz gritou e senti uma mão muito grande pra ser de criança sacudindo o meu ombro.
Quando abri os olhos dei de cara com outro par de olhos, muito escuros, e vi também um par de sobrancelhas franzidas pra mim.
- É um lugar meio estranho para se dormir você não acha?
- Dormir? Eu dormi?? A festa, meu irmão!!!- eu agarrei os ombros da pessoa que havia me acordado, mais desperta vi que era um garoto, deveria ser um pouco mais velho do que eu.- A quanto tempo foi o parabéns??
- Foi a uma meia hora.- ele disse como se fosse óbvio- Dá pra acreditar que ainda tem um bando de crianças aqui? Eu tenho que começar limpar,sabe, eu tenho um horário.- falou isso me olhando bravo como se a culpa fosse minha.
- Ainda tem alguém aí?- eu disse apontando para a cozinha.
- Não, os garçons estão lá fora arrumando as coisas. E eu sou o único que trabalha na limpeza da cozinha.
Eu respirei aliviada.
- Bom, então ah, eu tenho que sair do armário agora. - dito isso tentei me levantar, mas não tão fácil depois de meia hora na mesma posição. Ou seja, depois de conseguir me erguer alguns centímetros, bati minha bunda no chão de novo.- Ai!! Droga!- senti meu rosto corar, consciente de que o-cara-limpeza tinha visto tudo.
- Eu te ajudo.- ele estendeu a mão e eu, depois da humilhação, não estava na posição de recusar. Mas não fiquei nada feliz, dava pra ver que ele estava se segurando para não rir.
Olhei pra fora pela porta da cozinha e vi meu irmão brincando feliz e inocente com mais um monte de crianças. Graças a Deus!
- Ah, muito obrigada. -eu disse ainda vermelha para o cara-da-limpeza
- Sem problema, sempre que precisar sair de armários pode me chamar- e ao dizer isso ele sorriu e fez um sinal de 'joia' pra mim.
Eu sabia que ele estava tirando com a minha cara, mas eu não pude deixar de rir. Rir pela primeira vez na noite toda.
Depois disso ele começou a conversar comigo sobre várias coisas, e eu realmente estava gostando de conversar com ele, pois ele falava muito animado e sempre sorrindo, o que me fazia sorrir também.
Estava tudo muito bom até que meu celular tocou. Uma mensagem da minha mãe. " Hora de vir pra casa filha! AGORA!"
- Eu tenho que ir, minha mãe sabe, não quer que meu irmão fique fora até tarde...
- Ah, claro, eu também tenho que limpar as coisas por aqui. Desculpe te segurar aqui.- ele começou a coçar a cabeça meio sem graça.
- Não, quer dizer, conversar com você foi a melhor parte da noite toda!- depois que falei percebi que era algo muito constrangedor de se dizer. - Ah, Meu Deus, eu não sei o seu nome! Nem perguntei, que falta de educação a minha...
- Tudo bem, eu também não sei o seu.- e, para meu alívio ele voltou a sorrir.- É Caio. E o seu?
- Eliza.- nunca fiquei tão nervosa ao dizer o meu nome pra alguém- Eu tenho que ir. Foi um prazer conhecer você. Tchau, Caio!
Assim que me virei para sair senti algo segurando meu braço, imaginei que seria uma criança, mas é claro que não podia ser, só podia ser...
-Espera... é que... você não gostaria de ter o meu número? Quer dizer, nunca se sabe quando você vai ter que sair de um armário não é?
Ele estava tão vermelho quando disse isso, mas eu não deveria estar muito diferente.
Trocamos os nossos números e eu me virei para sair, rezando para que ele puxasse meu braço de novo, mas é claro que ele não fez isso.
Peguei meu irmão e fomos para casa. No caminho me peguei olhando para o celular e sorrindo dizendo baixinho:
- Será que eu caberia no armário lá de casa?



terça-feira, 23 de agosto de 2011

Sinceridade

Na verdade,
gosto de rir com você.
Na verdade,
te conhecer foi um prazer.

Na verdade,
não gosto de te abraçar
porque é muito difícil soltar.
Na verdade,
Não falo muito com você
porque não sei o que dizer.

Mas você,
definitivamente,
nunca vai saber
o que eu acabei de dizer.

Porque eu nunca contarei
que, um dia,
por você me apaixonei.

quarta-feira, 17 de agosto de 2011

Palavras dolorosas

- Está atrasado!- meia hora em pé em frente a joalheria! E foi ele que me pediu para vir! - as vendedoras devem estar achando que eu estou planejando um assalto ou algo assim! Estou aqui a MEIA HORA!!!
- Eu sei, eu sei, se acalma ok? Eu cheguei! Antes tarde do que nunca!
Ah!!! Que vontade de enforcá-lo! Ele age como se fosse um completo inocente. E ainda assim eu não consigo odiá-lo. Deveria existir um limite para estupidez!
- O que você está fazendo aí parada? Temos muita coisa para ver aqui dentro.
Acho que eu deveria matá-lo.
Passamos a hora seguinte olhando anéis, brincos, colares e mais um bilhão de jóias das quais eu não lembro nem a metade. Mas nenhuma parecia ser a certa. Até que...
- Ei, o que você acha desse?
Era perfeito. Na minha frente estava o anel mais lindo que eu já havia visto. Era de ouro, parecia que pequenas e finas raízes estavam se enroscando em meu dedo e se juntavam em um botão de flor prata, pequeno, com um brilhante no meio.
- É esse! Olha só, até um idiota como você pode ter bom gosto ás vezes! - eu tirei, com relutância o anel e dei à ele.
E ele deixou cair.
- Estúpido! O que acha que tá fazendo??- eu me abaixei para pegar o anel, mas quando o peguei a mão dele tocou a minha e, involuntáriamente, olhei para cima.
Dei de cara com os seus olhos negros. E fiquei hipnotizada. Acho que ficamos algum tempo assim, e tudo o que eu podia fazer era ficar parada e sentir meu rosto corar.
- Com licença, posso ajudá-los?- era aquela voz cheia de boa vontade falsa da vendedora.
- Ah.. claro! Ele quer comprar esse anel aqui!- Me levantei rápido e entreguei o anel.- Anda! Compre isso logo, eu vou esperar lá fora!
Saí quase correndo da loja e chegando lá fora me apoiei na parede, a mesma na qual havia esperado por ele. Droga! Meu coração ainda está acelerado e eu sinto meu rosto queimando. Fazia tanto tempo que eu não cometia um deslize desse!Será que ele percebeu?
- Vamos?
Ele me tirou dos meus pensamentos conturbados com uma única palavra e enfiando uma sacola na minha cara.
- O que isso?- O anel estava na caixinha na mão dele.
- Um pedido de desculpas por ter feito você esperar e um agradecimento por me ajudar a escolher um presente de aniversário para minha namorada.
- Hum... Obrigada.- dei o meu melhor sorriso. Ainda dói um pouco quando ele diz aquela palavra.
Dentro da sacola havia uma pulseira. Era simples, prata com um pingente de um cavalo-marinho. Lindo.
Ele vive me dando coisas de animais.
Tudo porque uma vez eu o chamei de "animal" não no bom sentido da palavra. Ele diz que vai fazer com que tenha milhares de animais perto de mim, assim eu nunca irei esquecer dele.
Como se eu fosse esquecer!
- Ei... você tá legal?? Ficou quieta de repente...
- Só estava pensando.
- Valeu mesmo por me ajudar! Você sabe que eu sou horrível nessas coisas. Você com certeza é a melhor amiga de todos os tempos!
Se ele soubesse o quanto essas palavras machucam. Mas eu não consigo deixá-lo. Não posso viver sem esse sorriso...
Você deve achar que sou louca ou então uma masoquista do pior tipo. É, provavelmente você está certo.

"Pensar mais na felicidade da outra pessoa do que na própria, não importa quão dolorosa seja sua escolha." (Dear John)


sexta-feira, 12 de agosto de 2011

Hipótese

Estou aqui agora
e a única coisa
que consigo pensar
é que amanhã talvez
eu possa te encontrar

É claro, você não vai me notar.
E por mais que eu queira te chamar,
duvido que a coragem virá.

É provável que eu evite seus olhos,
porque da última vez que os confrontei
muito, muito vermelha eu fiquei.

Talvez eu esteja mesmo apaixonada,
mas se há uma coisa que tenho certeza,
é que não admitirei isso por nada!


terça-feira, 9 de agosto de 2011

Saudade

- Acho que cheguei cedo demais. - ótimo! Estava tão ansiosa para vê-lo que cheguei na estação DUAS HORAS antes. O que eu vou ficar fazendo nesse tempo?
Ele teve que viajar para estudos. Durante um ano, e que ano! Foi uma tortura, o dinheiro era curto então ele só pôde vir no Natal. E eu também estava atolada de trabalhos, mesmo que ele viesse não daria para passa um tempo juntos. Também, se nós ficassemos nos vendo ele não poderia se concentrar nos estudos. Foi um ano que nós decidimos usar para estudar.
Nem sei o que devo fazer quando vê-lo de novo... Ai Meu Deus!!! O que eu devo fazer? Eu saio correndo?Não, que coisa cafona! Então, eu devo esperar aqui sentada? Ah, que frieza! Já sei! Vou me levantar e acenar! Isso! É, assim tá bom. Não vou fazer nenhuma cena e nem vou parecer fria. É, vai dar tudo certo.
Centenas de pessoas entram e saem desse lugar, é incrível! Tento me concentrar em pequenas coisas, como o fluxo de pessoas, para ver se o tempo passa mais depressa.
Droga, eu não dormi muito bem noite passada, fiquei tão ansiosa, meus olhos estão pesados....

- Mamãe, ela está babando!
- Shhhh, não fique falando!
Ah, que ótimo, quem está babando sou eu!
AH!!! POR QUANTO TEMPO EU DORMI?????
Essa não! É o trem dele! Já estão desembarcando!!!! Minha cara tá amassada, meu cabelo deve estar pior ainda! Essa não! Será que eu babei na minha blusa?
Calma. Calma. Calma. Quando ele aparecer sorria e acene, vai dar tudo certo. É só eu me acal....

Tudo sumiu. Quando o vi, mesmo de longe, tudo desapareceu. Não consegui pensar em nada. Só que eu precisava abraçar ele. Eu precisava, muito,muito, muito...Daí eu sai correndo.
Quando ele me viu eu já estava a menos de um metro dele, ele sorriu e quando eu pulei em seus braços, ele me segurou. Tão forte que até doeu, mas eu não me importei.
Então ele sussurou no meu ouvido:
- Sentiu saudade?
- Não, nadinha.- e eu apertei ele mais forte, e nós dois rimos.
Fazia tempo que eu não me sentia tão calma...
- Nós podemos ficar assim mais um pouco? - e então ele me segurou mais forte ainda, e afagou minha cabeça.
- Hm, podemos ficar assim pra sempre, se você quiser.

segunda-feira, 8 de agosto de 2011

Apaixonados

- Então, você não veio aqui para me ver não?- ele me disse com aquele maldito sorriso debochado!
- Por quê você acha que eu faria isso, hem?- tentei parecer indiferente, apesar de estar completamente envergonhada.
Estúpida! Eu não deveria ter vindo, não mesmo! " Eu vou estar trabalhando na lanchonete amanhã, desculpe, não tem como escapar... marcamos outro dia."
Eu disse que não viria, eu resolvi dar uma volta para relaxar e quando me dei conta estava aqui.... Burra! Agora estou parecendo aquelas namoradas super grudentas!!! Ah, o que eu faço??
- Você viria aqui porque você estava com saudade...
- Até parece! Foi só... por acaso! Não fique se achando, tá? É que eu gosto do....- ah, eu nem sei o que eles servem nesse lugar!- do... hamburger daqui! É, é isso, e eu estava passando e estava com fome, então eu entrei!- que merda eu estou fazendo??
- Sei, então sente-se, eu trago o seu hamburger. Vou trazer uma bebida também, ok?
Ah, patético! Porque eu não consigo dizer que eu vim para vê-lo? Não tem nada de errado nisso não é?

Depois de alguns minutos ele trouxe meu pedido e, enquanto eu comia, fiquei olhando-o trabalhar, as vezes ele olhava pra mim e sorria, e toda vez que isso acontecia meu coração dava um pulo. Mesmo depois detanto tempo, nós já estamos até namorando, e eu ainda perco o ar, ainda continuo com essas manias de garota apaixonada. A culpa é sua idiota! Você me faz ficar mais apaixonada a cada dia, e o mais irritante é que você não faz isso porque quer!
Vou até o balcão e pago a conta, agora não há mais motivos para que eu fique, ele está servindo uma mesa, de costas pra mim. Nem vai notar quando eu for embora. Saio da lanchonete, atravesso a rua. Hum, é deprimente, sábado a noite e eu estou sozinha pelas ruas...
De repente, um coro de buzinas me tira do transe, quando olho para trás vejo um idiota correndo tentando atravessar a rua mesmo que o sinal de pedestres esteja vermelho. Ele está vindo na minha direção. Ah, o idiota é o meu namorado.
- Estúpida, não saia sem se despedir!- ele está parado na minha frente apoiado nos joelhos ofegante.
Tudo o que eu queira era abraça-lo. Ele saiu do trabalho só para se despedir de mim! Mas eu não fiz isso, porque... eu não sou boa em me expressar.
- Eu sou estúpida? Olha quem fala! O idiota que quase morreu atropelado agora pouco.
- Esse idiota quase foi atropelado porque a namorada dele foi embora sem se despedir!
- Bom... então tchau! Pronto, volte a trabalhar antes que o seu chefe te mande embora!- virei as costas e comecei a correr depressa, e depois fui diminuindo o passo até que estava me arrastando pelas ruas.E continuo fazendo isso por horas até que resolvo voltar pra casa.
Eu não sei fazer isso! Não consigo dizer nada do que sinto com medo dele ficar com raiva ou me achar chata... provavelmente ele acha que eu não ligo pra ele.
Estou chegando em casa...Preciso achar a minha chave. Droga, sempre perco ela na bagunça que é a minha bolsa!
- Cadê? Sua merda de cha....Aahhh- o que agora? Colocaram lixo na minha escada?
- Você não olha por onde anda não?- ele está com o uniforme do trabalho e com a cara amassada.- por onde você andou? Você não leva o celular quando sai de casa?
-Você estava dormindo na minha escada?
- A culpa é sua! Você estava demorando e eu estava cansado...- as bochechas dele coraram.
- Então... o que foi?
- Eu é que pergundo! Você saiu correndo e eu perdi você no meio de todo mundo... Eu fiz algo errado?
- Não.
- Então por que você foi embora daquele jeito? E você foi à lanchonete porque queria conversar sobre algo importante?
- Não.
-Então, por que?
- PORQUE EU QUERIA TE VER! FOI POR ISSO! EU ESTAVA ME SENTINDO SOZINHA! E EU SAI CORRENDO PORQUE EU NÃ SABIA MAIS O QUE FAZER! EU NÃO QUERIA IR EMBORA!!!!!- com isso eu me sentei na escada, e coloquei a cabeça entre os joelhos- Satisfeito agora?
- O que você acha de um sorvete? Vamos? - quando ergui a cabeça ele estava com a mão estendida pra mim.
Eu a segurei, e ele me puxou com força para junto dele, e me abraçou forte.
- Eu também estava com saudade. Quando você entrou naquele lugar eu queria muito abraçar você. E eu não queria que você acabasse de comer aquele hamburger.
- Nossa, essa foi linda hem? "eu não queria que você acabasse de comer aquele hamburger". Você ficou me imaginado comer em câmera lenta é? Muuuuuuito romântico!
- Cala boca! Não foi eu que gritei uma declaração para todos os vizinhos escutarem...
-Você está fedendo de fritura....
- E você está abraçando o fedorento...
E discutimos e rimos feito idiotas, abraçados andando por aí. Pode ser que não seja o tipo mais normal de casal apaixonado, mas nós ainda somos um.






sábado, 6 de agosto de 2011

Nunca pensei

Sempre foi algo distante,
como um sonho, inconstante.
Sentir algo tão profundo,
Nunca pensei que sentiria.

Me diziam que era indescritível,
sentimento insubstituível.
Que iria sorrir como tonta,
nunca pensei que sorriria.

Fiz um promessa a im mesma:
nunca me apaixonaria.
Nunca pensei que a quebraria.

sexta-feira, 5 de agosto de 2011

Aurora

Meu coração está a mil por segundo. A única coisa que consigo escutar é a minha respiração acelerada enquanto eu corro, corro como nunca corri na vida e sinto um gosto salgado na boca, acho que são minhas lágrimas, lágrimas de arrependimento.

Nós tínhamos brigado, por algo que agora parece tão ridículo que quando lembro não consigo deixar de me culpar mais ainda.
Ele tinha prometido pra mim, que iria chegar na hora aquele dia, mas é claro que ele não chegou. E eu, é claro,  fiquei com muita raiva, afinal era meu aniversário!Marcamos ás três, e as cinco ele não havia chegado! E nem me  ligou ou atendeu as minha ligações! Quando ele chegou eu já estava um pilha, por isso gritei com ele e nem sequer ouvi o que ele tinha a dizer. Comecei a correr e me misturei no meio da multidão.

Me apoio nos joelhos, recupero meu fôlego, e começo a correr de novo, preciso chegar, depressa, depressa, por favor! Por favor, me espere!

Corri por um tempo, e quando olhei para trás, ele não estava me seguindo. É claro que não estaria! Idiota! Me sento em um banco em um dos cantos da praça, sozinha e chorando. Não quero chegar em casa assim, vou andando, assim posso me recuperar.
Enquanto caminho percebo que foi uma boa ideia vir andando, o trânsito está uma droga! Pelo que ouço, parece que ocorreram dois acidentes naquela tarde. O primeiro, por volta das duas e meia, um caminhão tombou e bloqueu toda a pista. O segundo, mais ou menos ás seis, esse foi um atropelamento, e parece que dos bem feios.
Estava tão distraída que quando meu celular toca dou um pulo de tão assustada. Não estou com vontade de falar com ninguém agora, mas quando vejo, é a mãe dele, ela nunca me liga, nunca. Algo está estranho.



Estou na frente do prédio. Um hospital nunca me pareceu tão sombrio, eu entro e olho em volta, procurando um rosto, mas eu não consigo enchergar direito porque estou chorando... Onde está, onde está??
É ela, e pelo que consigo enchegar, ela não está melhor do que eu. Ela me dá um abraço forte, com se precisasse dele tanto quanto eu, não duvido que seja verdade.
Ele está na sala de cirurgia, parece que ele perdeu muito sangue, e bateu a cabeça e o resto eu não consegui mais escutar porque estava com medo do que iria ouvir.
Depois do pereceram horas e horas, ele foi levado para um quarto. O Dr. disse que tudo depende dessa noite, mas é próvavel que... ele não aguente.
Algum tempo depois, uma enfermeira se aproximou de nós, e ela estava com um olhar tão triste, eu me levantei depressa, e ela me olhou com olhos de pena e disse:
- Você é a namorada dele?
- S-Sim, sou eu - minha voz estava tremendo e eu temia começar a chorar de novo.
- Ele disse que precisa falar com você.
Eu olhei para mãe dele, ela tinha chorado tanto quando eu.  Ela me deu sorriso franco, e com um aceno de cabeça eu segui a enfermeira.
Quando ele me viu, deu um sorriso, ele parece estar tento que se esforçar tanto para mover os lábios!
- Eu fiquei feliz quando a enfermeira me disse tinha uma garota bonita chorando na cadeira ali fora. Não podia ser a minha mãe...- ele riu mas o riso se misturou com uma tosse e eu cheguei mais perto da dele, mesmo sabendo que seria inútil.
- Não fique falando! Você tem que descansar!
- Desculpe, eu não queria me atrasar, mas o trânsito estava uma droga, então eu resolvi ir correndo e meu celular caiu em algum lugar e eu nem pensei eu ligar de um telefone público na hora eu... - e mais uma vez ele é interrompido por aquela tosse.
- Você é um idiota, eu sei, mas eu devia ter imaginao algo assim... sinto muito, fui estúpida. - quando eu peguei a mão dele, estava  tão fria, tão frágil...
- Tá tudo bem agora.- ele disse sorrindo, aquele sorriso que eu tato amo. - Mas você está uma droga hem... é assim que vem ver seu namorado?
- Desculpe.- e depois disso eu comecei a chorar de novo.
- Não, não, você tinha que dizer: "olha só quem fala". E depois me dar um soco! Punição! - dito isso ele me deu um peteleco na testa e sorriu.
- Desculpe, desculpe, eu sinto muito , eu fui idiota, desculpe descupe, por favor me perdoa - e a cada palavra eu chorava mais, e apertava mais a mão dele.
Ele, sempre respondia "hm" de me abraçava. E nós ficamos assim por longos minutos, e conversamos sobre coisas bobas durante horas até que dormimos.
Aordei quando os barulhos dos aparelhos se tornaram irregulares e eu me levantei assustada, ele estava respirando com dificuldade. Eu me virei para chamar a enfermeira mas ele segurou meu braço, tão fraco que poderia ter me soltado, mas não fiz.
- Tudo bem, o médico já tinha me dito. Que seria a minha última noite, meu órgãos vitais foram muito danificados, eu iria passar o resto da minha vida em um hospital... eu não queria isso. Tá tudo bem.- ele tossiu durante muito tempo depois disso. - Você sempre foi meu ponto de apoio, e estou com um pouco de medo agora, será que você pode segurar a minha mão?
E eu, o que mais eu poderia fazer? Apertai sua mão com toda a força que ainda tinha.
- Vamos, sorria pra mim, você sabe que eu amo quando você sorri! Lembra das minha piadas sem graça? Das coisas idiotas que eu sempre falo? Vamos lá! - Idiota, você que sempre foi tudo pra mim, eu te amo, eu tenho que dizer isso!
- Eu...
- Eu sei. - foi o que ele disse.- O mesmo vale pra mim.
Então agarrei em todas as boas lembranças que eu tinha eu dei meu melhor sorriso, um sorriso molhado por lágrimas, mas um sorriso.
E ele sorriu de volta.
E os aparelhos não apitaram mais.
E eu chorei, eu grite, apertando sua mão, que nunca mais iria apertar a minha.


Quando olhei pela janela vi a aurora. A aurora foi o fim de tudo. Mas mesmo no fim, eu vi o seu sorriso e apertei a sua mão.

Verdade

Eu queria muito
dizer que é mentira,
mas fazendo isso
me trairia.

Quero dizer que
quando vou deitar
não penso em ti.

Eu menti.

Quero te ver,
preciso olhar você,
só pra me perder
nos seu olhos
tão negros.
Só para que,
de novo,
eu perceba que,
você não me vê.

Essa é a verdade...

quinta-feira, 4 de agosto de 2011

Lugar Vazio

Eu gostaria de ocupar um lugar especial em seu peito... Mas este já está ocupado, e agora eu não sei o que fazer com o vazio que é o lugar que eu guardei para você no meu coração.
Por mais que eu tente, nada que eu tento colocar parece preencher aquele espaço, e toda vez que vejo-o junto com ela, o vazio fica maior, mais profundo, mais escuro, mais frio, cada vez mais difícil de ocupar.
E sou tão estúpida que, mesmo sabendo que jamais existirá um lugar pra mim, eu ainda fico perto de você, ainda sou sua amiga, a quem você vem pedir conselhos quando está tendo problemas com ela. Mas quando você fala dela parece tão feliz, que eu não consigo odiar você. Machuca muito, mas só para poder ver você sorrir eu vou aguentar.
Eu sei que, se continuar com isso, o vazio vai ocupar todo me peito, e será impossível de voltar atrás, eu sei disso, eu sei mas... eu não consigo, não dá pra te esquecer.

quarta-feira, 3 de agosto de 2011

Desejo

Já faz alguns aniversários
que quando apaaguei as velas
um amor eu desejei.

Durante os aniversários seguintes
pos este amor eu esperei
e ano após ano
me decepcionei.

Cansei de chorar
e um dia
disse que não iria mais esperar.
Esquecer,
era o melhor a fazer.

Agora estou curada
feridas e dor
enfim, passadas

No meu último aniversário
daquele pedido me lembrei
depois, as velas apaguei.

Pouco mais de um mês depois,
a droga do desejo se realizou.

Não esperava que chegasse
tão de repente
é possível algo se assustador
porém acolhedor?

Voltar atrás?
Agora é tarde demais...
Tudo que posso fazer
é te amar mais.

Sentimentos Escondidos

Minhas mãos estão suadas, meu coração parece que vai sair pela boca e, se eu tivesse conseguido comer algo, provavelmente estaria vomitando agora. Eu preciso dizer! Ande, antes que ele tenha que ir! Fale Logo!!!
- Ah, o tempo está bem legal hoje né?- O que foi isso?? Que tipo de idiota pergunta sobre o tempo? Meu Deus, eu sou patética!
- É, não parece que vai chover.- Ele me disse sorrindo, como se a minha pergunta fosse muito bem elaborada e tal.
Ele vai para a faculdade. E eu, bom, ainda falta um ano para isso acontecer. Nós nos tornamos grande amigos durante esses anos de Ensino Médio e para mim estava tudo bem assim. Até que ele me disse que iria embora.
- E aí? Ancioso para a vida de universitário?- Eu perguntei tentando me acalmar.
- Nervoso, essa seria a palavra mais correta.- Ele disse, e realmente ele parecia tenso, mas com aquele sorriso não parecia tão ruim.- E você trate de se esforçar, quero ver você lá no próximo ano, ok?- Ele me disse com uma cara séria e colocou as mãos nos meus ombros, me olhando bem nos olhos.
Tentativa de me acalmar fracassada. Estou mais nervosa que antes!
Depois que me disse que estava indo eu entrei em pânico, por algum motivo, depois que nos tornamos amigos, ele não teve mais namoradas, e eu, bem... é claro que não né! Então eu pensei não tinha problema ficarmos daquele jeito pra sempre. É claro que seria impossível. Comigo longe...
-Você deve arrumar uma namorada logo, logo...
-O que?- Ele disse isso como uma cara muito engraçada, tenho que dizer.
Ah merda! Eu disse aquilo alto? Não, não não!!! Tenho que ir embora, eu devo estar tão vermelha... ah, eu estraguei tudo, estou com vontade de chorar. Tenho que ir AGORA!
- Nada não, pois é né, a gente se vê! Tchau!- Eu me viro pra correr, mas ele segura meu braço, eu puxo com tanta força que chega a doer.
A essa altura as lágrimas já estão transbordando e eu não consigo ver direito, por isso não posso dizer qual a cara que ele está fazendo diante das minhas lágrimas. Ele está dizendo alguma coisa mas eu não entendo.
Tento me soltar mas eu escorrego na grama molhada e nós dois caímos no chão. Minha mente está um droga, não consigo pensar! Quando me dou conta eu estou socando o peito dele com toda a minha força e gritando:
- Estúpido, idiota, retartado!! Você vai pra faculdade! Vai se apaixonar por uma universitária, e vai esquecer de mim e.. e.. NUNCA VAI SABER QUE EU SEMPRE, SEMPRE AMEI VOCÊ!!!!
Depois disso me sentei ao seu lado, ele ainda está deitado no chão, e fiquei enchugando minhas lágrimas. Pronto, está feito. Ferrei com tudo, mas admito que estou aliviada.
Pelo canto do olho, vi que ele se sentou. Está olhando para o horizonte e falando calmamente:
- Eu estava com medo de ir pra faculdade, eu até pensei em esperar mais um ano. Mas você gritou comigo lembra? Eu fiquei mesmo muito triste com aquilo, porque você acha que eu queria esperar mais um ano? Porque você acha que me matei de estudar e trabalhar, pra juntar dinheiro para morar longe, eu poderia passar em uma mais próxima... você não lembra que eu só disse que iria prestar vestibular pra essa universidade depois que você me disse que iria pra lá? Foi pra ficar perto de você estúpida! Eu faço tudo isso então você diz que eu tenho que ir logo! E agora vem com esse papo de namorada... eu não vou me apaixonar por nenhuma universitária.- então ele se virou pra mim- você sabe por quê?
Ele estava tão sério e, conhecendo ele como eu, ele não estava brincando. Quando a ficha caiu eu tive vontade de gritar, pular, dançar, correr tudo de uma vez. O resultado disso foi que eu fiquei lá olhando pra ele com cara de bocó e a minha resposta foi...
- Ah... é...hum..- viu? Muuuuuuuito esperta.
- Porque eu já estou apaixonado por você, idiota!- ele disse isso rindo, mas ainda de um jeito sério. Isso é possível?
Acho que era a minha vez de falar alguma coisa mas eu continuei parada então ele me olhou com um sorriso torto no rosto e disse:
- Eu é que tenho que fazer tudo por aqui é?
 Então ele me pegou num abraço forte e me beijou. Um beijo com anos de sentimentos escondidos.

terça-feira, 2 de agosto de 2011

Não é justo

Não é justo
não deveria ser você
eu tentei a todo custo
me convencer.
"Vai passar, vai passar
ele é bonito
só isso"
Tentei me enganar!

Mas toda vez
que me lembro de ti
eu... que ridículo
começo a sorrir.

Toda vez
rezo silenciosamente
para vê-lo no corredor.
Mesmo sabendo que,
vou baixar os olhos
quando você passar.

Não é justo,
só eu pensar assim.
Não é justo,
você não gostar de mim!

segunda-feira, 1 de agosto de 2011

Melhor Amiga Para Sempre

Sabe, nos livros existem 3 personagens principais: a mocinha,o mocinho por quem ela se apaixona e a melhor amiga que faz de tudo para que os dois terminem juntos. Essa vive em prol da mocinha, esta raramente encontra um par, ela releva todas as suas dores para ajudar a mocinha. Essa sou eu.
O ombro no qual todos vem chorar, a quem todos vem quando precisam de ajuda, como um tipo apoio nas horas mais difíceis.
Não é que eu não goste disso, na verdade, fico muito feliz quando as pessoas vem a mim. Isso mostra que elas confiam em mim, e sou muito grata por isso. Me sinto tão bem quando vejo essas pessoas felizes e sei que eu ajudei em algum lugar.
Mas será que eu nunca serei a mocinha? Onde está a minha melhor amiga, meu apoio, e onde está meu mocinho?
Porém, não posso cair, não posso sequer tremer porque se eu, na qual tantos se apoiam, cair o que irá acontecer com todo o resto? Simplesmente não posso deixar que eles caiam.
Serei a melhor amiga pra sempre, serie a base da torre, suportarei tudo, ajudarei a todos e isso já me fará feliz o suficiente.
Meu príncipe? Este nunca existiu, se existe, nunca me encontrou e jamais irá encontrar.
Erguerei tudo sobre os ombros e carregarei, vai doer, vai pesar, e vai deixar muitas marcas, daqueles que, depois de tudo que fiz, sumiram pra sempre. Cada um desses é como um chicote e a cada chibatada eu chorarei. Mas os sorrisos daqueles aos quais eu continuo ajudando, o sorriso de felicidade e agradecimento, me fará engolir as lágrimas e continuar suportando.

domingo, 31 de julho de 2011

Restitua

Me devolva,
todos os suspiros que dei,
todas as lágrimas que chorei.

Quero de volta,
todo o tempo que perdi,
todas as vezes que sofri.

Não vale a pena.
Toda essa dor
por uma droga de amor.

sexta-feira, 29 de julho de 2011

Já fazia um tempo

Quando o vi meu coração bateu tão forte que coloquei minhas mãos no peito para ter certeza de que ele iria continuar batendo. Automaticamente, começei a sorrir, feito uma idiota, e todos olharam pra mim como se eu fosse maluca. Talvez eu seja mesmo.
Meu estômago, fazia um tempo que ele não ficava desse jeito. Acho que a última vez foi quando te vi pela primeira vez. Foi uma sensação tão estranha, quis vomitar e um nervosismo que não sentia a muito tempo me atingiu como um soco.
Minha única vontade era de correr até você para poder vê-lo de perto e te abraçar, mas é claro que nao fiz isso, fiquei ali paralizada. Feliz e com medo ao mesmo tempo. Essa sensação dolorosa e calorosa admito que senti falta dela.
Durante muito tempo fiquei o observando, mas quando ameaçava olhar na minha direção eu sempre, sempre desviava meu olhar. Mas naquele momento ele foi mais rápido. Não sei se estava realmente me olhando só sei que eu fiquei lá parada hipnotizada por aqueles olhos tão escuros, é tão fácil de se perder no escuro, até que algo ou alguém me tirou do transe. Não sei o que foi ao certo também não me importo.
Poderia ter ficado daquele jeito pelo resto da vida porque naqueles poucos segundos, para mim, só existiu nós dois...

Não ligo

Não importa
Seu coração já tem um dono
E eu sei que você a ama.

Não importa
Por mais que eu tente
não posso arriscar
te machucar.

Não importa
se você nunca corresponder
se você nunca perceber
Não importa porque...
ainda amarei você!

quinta-feira, 28 de julho de 2011

Sem Cor

Tudo me parece tão sem vida, apesar de estar rodeadas de pessoas sorrindo e brincando o máximo que consigo é forçar um sorriso para não deixar as pessoas preocupadas.
Preciso muito de minhas amigas agora. Mas elas não estão aqui. Eu sei que deveria ligar pra elas, mas não posso porque eu sei que elas não poderão fazer nada por mim agora. E a única coisa que isso vai fazer é tirar o sorriso do rosto delas também. E eu não quero isso, não mesmo.
Por isso vou ficar assim, sozinha. Vou continuar de cabeça erguida e,sem ninguém ver, chorar quando não aguentar mais.
Eu sei que é por sua causa. Já faz tanto tempo que não te vejo, e talvez eu nunca mais veja mesmo. Mas eu ainda vou procurar seus olhos, os olhos nos quais eu não consigo olhar, talvez com o tempo eu esqueça e o mundo volte a ter um pouquinho de cor. Mas ele nunca mais terá cores tão bonitas quanto teve nos dias que eu podia te ver.

terça-feira, 26 de julho de 2011

Sucata

Sempre carreguei comigo
na esperança de que
um dia
ma causasse tanta alegria
Que seu peso compensaria

Já foi quebrado muitas vezes
Mas eu sempre colei,
costurei e protegi.
Tudo para não qubrar de novo.

Desta vez, cansei
não vou mais tentar
aquilo agora é sucata.
Chega de consertar.

Um pedaço de chumbo,
frio e inútil.
Deformado e imundo.

Por isso, estou jogando fora
acho que vou sentir falta,
no início,
de tê-lo comigo.

Mas nada que o tempo não cure.




No final, a coragem não me veio.
Guardei-o num cofre,
e vou esperar.
Quem sabe num futuro próximo
Eu ache alguém para consertar.

Mas vou ter cuidado.
Somente a pessoa certa vai achar.
Bem no fundo daquele cofre
Aquele pobre ser,
Duro.
Frio.
Quebrado.
Meu pobre coração despedaçado...